segunda-feira, 8 de março de 2010

Acabei de ler um conto de um escritor alemão, achei interessante, merecido de ser citado nesse blog, ai vai um trecho do conto chamado Sequência de um Sonho, do livro Conto de Fadas de Hermman Hesse:

Boa escuridão interior, berço quente da alma e o lar perdido se abre, tempo da existência informe, excitação indefinida sobre a razão do desespero, sob o qual o pressentimento do futuro dorme ao lado dos sonhos da floresta virgem. Apalpa, alma, erra, revolve cega os inocentes instintos sombrios num ganho farto. Eu te conheço, alma medrosa, nada te é tão necessário, nenhum prato e nenhuma bebida é melhor para ti, como a volta ao teu princípio. Ali rugem ondas em torno de ti, e tu és onda, bosque e és bosque, não há mais exterior ou interior, voas pássaros nos ares, nadas peixes no mar, sugas luz e és luz, custas sombras e és sombra. Nós caminhamos, alma, nadamos e voamos, e sorrimos e tornamos a unir com delicados dedos do espírito as linhas partidas, reatamos felizes as oscilações partidas. Não procuramos mais Deus. Somo Deus. Somos o mundo. Matamos e morremos com ele, criamos e ressucitamos com nossos sonhos. Nosso sonho mais belo é o céu azul, nosso sonho mais belo é o mar, nosso sonho mais belo é a noite estrelada, e é o peixe, e é o som claro e alegre, e é a luz clara e alegre - tudo é nosso sonho, cada coisa é o nosso mais belo sonho. Logo morremos e nos tornamos pó. Logo inventamos o riso. Logo arrumamos uma constelação.

2 comentários:

  1. Herman Hesse provoca lindamente.
    O primeiro livro do período após a infância foi Sidharta. Deste autor. Inesquecível.
    Obrigada.

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  2. véi, o texto tem um tom bonito, mas eu nao sei se entendi ele direito, como vc entendeu, não sei se captei a mensagem completamente, mas depois a gente conversa e vc me fala o que interpretou! abraço manooooo!!!

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