domingo, 9 de maio de 2010

Eu, o Lobo da Estepe, vago errante
pelo mundo de neve recoberto
um corvo sai de uma árvore, adejando,
mas não há corças por aqui, nem lebres!
Vivo ansiando por achar a corça,
ah! se eu desse com uma!
Tê-la em meus dentes, entre as minhas garras
,nada seria para mim tão belo.
Havia de tratá-la tão cordial,
de cravar-lhe nas ancas os meus dentes,
beber-lhe o sangua até a saciedade
a uivar depois na noite solitário.
Contentava-me mesmo com uma lebre!
Na noite sabe bem a carne flácida.
Por que de mim há de afastar-se tudo
quanto faz esta vida mais alegre?
Em minha cauda o pêlo está grisalho
e também já não vejo as coisas nítidas
e vivo a errar sonhando corças,
ansiando lebres,
ouço o vento soprar na noite fria
com neve aplaco o fogo da garganta
e levo para o diabo a minha alma.

2 comentários:

  1. Adoroooooo esse livro!!!!
    Aliás, Herman Hesse é o cara!!!!
    E ainda por cima inspirou Clarice Lispector...tsc tsc tsc...
    Sem comentários.

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